Nesta quinta-feira (13), a Lei das Concessões (8.987, de 1995) completa 30 anos. Em três décadas, o marco legal que passou a transferir serviços públicos à iniciativa privada foi responsável por profundas mudanças em diversos setores, ao repassar atividades a empresasfortune tiger baixar apk, mantendo sob o guarda-chuva estatal a fiscalização e a regulamentação dessas contratações.
Até o início da década de 1990, era do Estado a responsabilidade pela manutenção, conservação e expansão de infraestrutura de logísticas, como rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos, além de serviços do setor elétrico, telecomunicações e saneamento.
A decisão de conceder essas atividades à iniciativa privada não foi resultado de uma visão ideológica sobre minimizar o papel do Estado. Na prática, foi uma imposição da realidade. Depois da grave recessão econômica da década de 1980, o poder público entendeu que a única forma de driblar sua limitação orçamentária seria colocar as empresas no jogo. O cenário mudou.
ZA9BET - Saque imediato - ZA9BET - Casa Regulamentada"O Brasil é hoje um dos países que mais realizam programas com participação privada em infraestrutura. Está entre os seis maiores do mundo, seja em volume de investimento gerado, arrecadação de outorga para o poder público ou desoneração do Estado", diz Mauricio Portugal, sócio do Portugal Ribeiro amp; Jordão Advogados.
Folha MercadoNas últimas três décadas, o marco legal embasou trilhões de reais em investimentos, envolvendo concessões rodoviárias, abertura do setor de telecomunicações, fim do monopólio ferroviário estatal, expansão do setor elétrico, criação de PPPs (parcerias público-privadas), oferta de terminais portuários, concessão de aeroportos e redes de saneamento básico.
A diretora executiva adjunta da CNT (Confederação Nacional do Transporte), Fernanda Rezende, cita como exemplo o ocorrido no setor aeroportuário, que passou por mudanças mais recentes, tendo iniciado suas concessões federais apenas em 2011.
"Nos últimos 14 anos, as concessionárias aeroportuárias responderam por 67% dos R$ 48,8 bilhões investidos neste setor, enquanto o governo federal foi responsável por 32,8% desse total", diz Rezende. "Vemos o aumento da satisfação do usuário, além da ampliação da aviação regional, que é de fundamental importância para todo o setor."
Em seus 30 anos de atividade, a Lei das Concessões passou a ser terreno para uma série de adaptações, conforme as necessidades de cada setor e novos modelos para sua aplicação. Hoje, seu texto é discutido no Congresso Nacional, para ser reformulado em breve, por meio de um projeto de lei.
"É uma lei que pegou. A gente desenvolveu um país inteiro embasado neste arcabouço. Acontece que, com os anos, municípios, estados e o governo federal consolidaram novos entendimentos, por meio de aditivos e suas agências. Por isso, o projeto em andamento no Congresso é uma importante medida para democratizar assuntos tangenciados e lastreados na legislação existente e que, se traduzidos numa nova carta legal, podem trazer mais segurança jurídica", diz Isadora Cohen, sócia da ICO Consultoria.
jogo tigerPrimeiras concessões Em 1995, tem início a operação da primeira concessão rodoviária do país, com a operação do sistema Anhanguera-Bandeirantes, em São Paulo. Atualmente, 55 empresas privadas operam rodovias em 14 estados do Brasil, somando mais de 27 mil quilômetros de estradas concedidas.
Ferrovias desmembradas Entre 1996 e 1998, a malha federal controlada pela Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) foi segmentada em sete trechos regionais e concedidos à gestão privada, por meio de contratos com prazo de 30 anos. São estes contratos que, hoje, estão passando por processos de repactuação, para serem renovados. A malha ferroviária possui extensão total de 30,6 mil quilômetros, mas apenas 10 mil quilômetros são efetivamente usados. O governo pretende retomar e conceder, novamente, os trechos inoperantes.
Criação das agências reguladoras Com a Lei das Concessões, passam a ser criadas, gradualmente, as agências reguladoras que passariam a fiscalizar os serviços. É o caso da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) em 1996; da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) em 1997; da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) em 1997; da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) em 2001; da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) em 2001; da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 1999; e da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) em 2005. Há ainda a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), ambas em 2000.
Conheças as agências reguladorasEntenda o que é a ANAC, responsável pela atividade de aviação civil no Brasil Entenda o que é a ANTT, agência reguladora de transportes no Brasil Entenda o que é a Anatel, reguladora do setor brasileiro de telecomunicações ANS, agência que fiscaliza planos de saúde, está endividada Entenda o que é a Antaq, reguladora dos serviços aquaviários no Brasil Entenda o que é a ANP, agência regulatória da indústria do petróleo
Abertura da telefonia
Em 1997, é feita a privatização do sistema Telebrás, concedendo os serviços de telecomunicações de todo o país ao setor privado, que passaria a ser supervisionado pela Anatel.
Lei das PPPs
A lei 11.079, que institui as PPPs (parcerias -público-privadas), é aprovada em 2004, complementando o modelo de concessões com regras específicas para projetos de maior complexidade e longo prazo, garantindo aporte direto do governo para bancar os contratos.
Novo modelo do setor elétrico
A partir de 2024, as concessões reformulam o setor elétrico, que passa a ter contratos baseados em leilões regulados, com incentivos à expansão da geração e transmissão de energia.
Concessões Aeroportuárias
Uma das últimas áreas federais a aderirem ao modelo, as concessões de aeroportos tiveram início em 2011, com o terminal de São Gonçalo do Amarante (RN), mas logo avançaram com o leilão dos maiores aeroportos do país, como Guarulhos, Brasília, Confins e Galeão, o que marcaria uma grande mudança no setor.
Novo Marco do Saneamento Básico
Em 2020, com a aprovação do Novo Marco Legal do Saneamento Básico (lei 14.026), o setor ganha regras mais claras para a participação de empresas privadas em concessões voltadas à universalização do serviço.
Reformulações da lei
30 anos depois, a Lei de Concessões está passando por um processo de reformulação no Congresso, para se atualizar em relação a normas vigentes e necessidades atuais de infraestrutura e serviços públicos. Um projeto de lei prevê mudanças como reequilíbrio imediato de contratos e regras para receitas extras em relação àquelas já geradas pelas concessões. A previsão é que o relatório final sobre essas reformulações seja apresentado em março deste ano.
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